Setembro Amarelo: A nutrição como aliada no tratamento da ansiedade e depressão
Nutricionistas desempenham papel essencial em uma abordagem terapêutica multidisciplinar
Mundialmente mais de 300 milhões de pessoas são afetadas por depressão. O dado é preocupante, especialmente sendo a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.1 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade é o distúrbio mental mais comum, já a depressão é a principal causa de incapacidade, ainda sob uma perspectiva global.2
A relação entre alimentação e bem-estar psicológico tem sido cada vez mais estudadas, reforçando a importância de uma dieta equilibrada no manejo dessas condições.1,2 No contexto do Setembro Amarelo, campanha dedicada à conscientização e prevenção do suicídio, é fundamental destacar o papel do nutricionista na abordagem multidisciplinar para prevenção e tratamento de doenças que afetam a saúde mental.
Relação entre alimentação e saúde mental
Estudos recentes apontam relação entre o estado emocional e os hábitos alimentares, indicando o impacto de deficiências nutricionais nos transtornos mentais.1
A depressão, por exemplo, está associada à disfunção da serotonina e dopamina. Uma alimentação adequada, rica em vitaminas, aminoácidos e minerais, que atuam como cofatores na produção desses neurotransmissores, podem contribuir no manejo terapêutico da patologia.1
Nesse contexto, destacam-se nutrientes como ômega-3, vitaminas do complexo B e minerais como magnésio e zinco, que exercem um papel importante no funcionamento do sistema nervoso, dando ênfase ao papel de uma dieta balanceada .1,2
O papel do nutricionista em uma abordagem multidisciplinar
O tratamento usual para a ansiedade e a depressão envolve psicoterapia e medicamentos antidepressivos, e atualmente destaca-se uma atenção crescente sobre o papel da nutrição nessas condições. A literatura recente discute o papel de uma dieta equilibrada nos distúrbios mentais, apontando uma associação importante entre a qualidade da dieta e o risco de desenvolvimento e agravamento das patologias.1,2
O sucesso do tratamento e a conduta terapêutica podem ser beneficiados por uma abordagem multidisciplinar, a partir de uma visão holística do paciente, considerando suas necessidades individuais, limitações, recursos e objetivos.2
Nesse contexto, o nutricionista é responsável por fornecer as orientações e intervenções nutricionais mais adequadas às necessidades de cada paciente, como a suplementação de vitaminas e minerais e a utilização de probióticos, que tem mostrado resultados promissores no auxílio da redução dos sintomas dessas doenças.1,2
A função dos probióticos para a saúde mental
Estratégias nutricionais como a suplementação de ômega-3 e adoção de uma dieta mediterrânea têm sido objeto de estudo e demonstrado resultados positivos no auxílio do manejo clínico dos sintomas de ansiedade e depressão.1,2
Outra intervenção promissora é utilização de probióticos, devido à forte relação entre microbiota intestinal e a saúde mental. A introdução desses microrganismos benéficos no planejamento nutricional tem sido investigada como uma estratégia para o tratamento da ansiedade e depressão.1,2 Embora os resultados ainda não sejam conclusivos, alguns estudos apontam uma associação positiva nos sintomas de ansiedade após a administração de probióticos.2
O Setembro Amarelo é um movimento fundamental para a conscientização da sociedade como um todo em relação à saúde mental, com quebra de tabus e busca por melhorar as perspectivas de vida3 sendo portanto, crucial reconhecer e valorizar o papel do nutricionista como parte integrante das equipes de saúde mental. Esse profissional que é capaz de fornecer uma abordagem holística que auxilia no tratamento dos sintomas, promove a resiliência e a saúde a longo prazo, contribuindo para uma vida mais equilibrada e saudável.
É importante ressaltar que a nutrição não deve substituir outras formas de tratamento, mas complementá-las. A terapia psicológica e os medicamentos continuam sendo componentes essenciais no manejo dessas condições, mas a adoção de uma alimentação saudável pode ser uma forte aliada no tratamento.1
Fontes
1. Ferreira, B.S.V. et al. 2024. NUTRIÇÃO E SAÚDE MENTAL: O PAPEL DA ALIMENTAÇÃO NOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS E DE ANSIEDADE - UMA REVISÃO DE LITERATURA. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, 6(5), 1934–1945. Disponível em: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n5p1934-1945 2. Heringer, P.N. et al. 2023. O PAPEL DO NUTRICIONISTA NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE E DEPRESSÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. 9, 8 (set. 2023), 2101–2112. Disponível em: https://doi.org/10.51891/rease.v9i8.11026 3. Setembro Amarelo e o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. Biblioteca Virtual da Saúde , 2024. Disponível em : https://bvsms.saude.gov.br/setembro-amarelo-e-dia-mundial-de-prevencao-ao-suicidio-10-9/ . Acessado em setembro de 2024